O executivo apresentou dados e reflexões sobre o passado e o futuro das instituições de ensino em território nacional

O segundo episódio do MiraTalks, podcast voltado para educação, empreendedorismo e comunicação, realizado pela Mira Comunicação em parceria com a Carijó Filmes, contou com a presença de Mario Ghio, professor e executivo com trinta anos de experiência na área de educação. A conversa foi conduzida por Juliana Miranda, sócia da Mira, e Yolanda Drumon, coordenadora de PR Strategy na Mira. 

A conversa explorou a posição do Brasil no cenário educacional, bem como o papel da família na escolaridade e as legislações brasileiras sobre o assunto. Confira abaixo alguns temas abordados na conversa e, no final, dois livros indicados pelo professor Mario.

Para assistir o episódio na íntegra, clique aqui.

A qualidade das escolas de Educação Básica brasileira

Foto do Mário Ghio no MiratalksQualquer escola, pública ou privada, pode ter uma educação boa ou ruim. Os fatores são diversos e não é possível definir a qualidade apenas pelo preço. Porém, é fato que o contexto da comunidade na qual a instituição está inserida influencia o processo de aprendizagem.

Um dos fatores que interferem na qualidade de estudo, por exemplo, é o contexto social do aluno. Dados do IBGE mostram que as crianças com mães que possuem Ensino Médio completo têm 97,5% de chance de terminar esse nível escolar, enquanto as crianças com mães sem instrução têm 58% de chance.

Por isso, é necessário o acompanhamento individual dos alunos, considerando essa bagagem familiar. Dar a mesma aula para estudantes com vulnerabilidades diferentes não terá o efeito desejado, visto que cada jovem apresenta necessidades únicas e diversas.

Legislação brasileira

 Ghio aponta que as regulações brasileiras supririam grande parte das defasagens escolares se fossem corretamente utilizadas. A Constituição de 1988 prevê o direito à educação para todos os brasileiros, o que já é um avanço enorme se comparado às décadas anteriores. Juliana Miranda concorda: “A dificuldade está na implementação”.

Dentre os regulamentos em vigor no território brasileiro, existe a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), promulgada em 1996 com o então Ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Entre outras coisas, ela definiu a obrigatoriedade da disponibilidade de vagas de ensino público para todas as crianças e jovens de 7 a 14 anos, o que garantiria o direito pleno à Educação Básica.

Já o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014, é um conjunto de metas e estratégias para a política educacional em um período de dez anos, ou seja, até 2024. Porém, ele ainda não foi corretamente implementado. De acordo com Mario Ghio, o plano está certo em todas as suas dimensões e ambições, mas precisa ser levado mais a sério. “A gente não precisa criar um novo PNE, precisamos entregar o plano  que já foi votado”, diz.

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) foi fundado em 1937 com o objetivo de realizar estudos para compreender os problemas de ensino no país e propor políticas públicas para solucioná-los. Hoje, o órgão é vinculado ao Ministério da Educação (MEC) e é responsável pela realização de exames como o Enem e o Enade.

O Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) teve como uma de suas ações o fornecimento de incentivos financeiros para estados e municípios que apresentarem desenvolvimento de aprendizado dos alunos. O executivo destaca os estados de Ceará e Pernambuco como bons exemplos de desempenho educacional. E não é por menos, ambos lideram indicadores educacionais como os de  ensino integral e os anos iniciais de estudo.

Perspectivas para Educação Básica brasileira

Foto dos bastidores Ghio se mostra otimista em relação ao futuro do ensino brasileiro. De acordo com a pesquisa Anuário da Educação Básica de 2021, a escolaridade média da população passou de 9,8 anos em 2012 para 11,8 anos em 2020. Isso significa que, em média, os responsáveis apresentam o ciclo básico completo de 12 anos de estudo e, por isso, podem acompanhar melhor o desenvolvimento escolar dos filhos.

O avanço na educação básica é de grande importância para o Brasil a longo prazo. De acordo com um estudo realizado por Eric Hanushek, da Universidade de Stanford, um aumento de 100 pontos no resultado médio do Pisa relaciona-se a um crescimento de 2% no PIB do país ao ano. O Pisa é o Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes, realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Além disso,Ghio também prevê uma atenção maior às necessidades individuais de cada região do Brasil. Por exemplo, em locais rurais, haveria uma educação mais voltada para o agronegócio, com aprendizados que conversem mais com a realidade dos alunos. Assim, devem existir múltiplas soluções, e não apenas uma única salvação para o ensino nacional.

BÔNUS: Indicações de livros

Ao final do episódio, o executivo ainda indicou  duas obras que discorrem a respeito do  cenário da Educação Básica brasileira.. O primeiro é “País mal educado: por que se aprende tão pouco nas escolas brasileiras?”, escrito por Daniel Barros. Um outro, mais técnico, é “Pontos fora da curva”, de Olavo Nogueira Filho. Ghio ressalta que acha importante ler nessa ordem, visto que o segundo apresenta uma linguagem mais aprofundada.

Gostou desse episódio? Confira também os assuntos abordados no primeiro MiraTalks.