Com o fácil acesso às ferramentas de IA, os profissionais da comunicação precisam saber como usá-las a seu favor
A comunicação foi uma das áreas mais impactadas pela tecnologia. A internet passou a moldar a maneira que nos comunicamos em diferentes aspectos, desde as conversas entre amigos nas redes sociais até a forma que as empresas dialogam com seus clientes e funcionários. Hoje, não é mais possível falar de comunicação corporativa sem atrelar a realidade tecnológica que a cerca.
Nesse sentido, o avanço da Inteligência Artificial tem sido uma das grandes discussões. Quais são os impactos dela na comunicação corporativa? Ela ameaça o papel do profissional desta área? Ou como ele deve aproveitar esse tipo de tecnologia? Estes são pontos fundamentais a serem debatidos, mas antes vale entender melhor a atuação e a importância da comunicação corporativa.
O que é a comunicação corporativa?
A comunicação corporativa é a área responsável por coordenar as diferentes formas de comunicação que uma empresa aplica para se relacionar com seus stakeholders, sejam eles internos (como os funcionários) ou externos, que é o caso da imprensa e dos clientes. Ela é um componente crucial para a construção e manutenção da imagem e reputação de uma empresa, bem como a promoção de seus valores, independentemente do seu tamanho, setor ou natureza.
A importância da comunicação corporativa
Para serem mais competitivas neste cenário digital e dinâmico, as empresas estão entendendo, cada vez mais, que é preciso se comunicar, estrategicamente, com seus públicos-alvo, transmitindo a mesma mensagem para todos eles. Isso unifica o discurso, evita ruídos de comunicação e consolida a identidade. O resultado é uma marca muito mais forte e com credibilidade.
Além disso, toda empresa está sujeita a passar por problemas, que podem abalar sua imagem e reputação. Ter uma comunicação integrada e consistente facilita o gerenciamento de crise nesses casos, uma vez que a companhia vai estar mais preparada para responder de forma ágil e efetiva, minimizando os danos à marca.
Comunicação corporativa interna x externa
A comunicação corporativa trabalha em duas frentes: a interna e a externa. Essa última faz a ponte entre a empresa e os clientes, fornecedores, investidores e a comunidade em geral. Com estratégias de marketing, relações públicas, publicidade, os profissionais da comunicação externa atuam para construir a imagem da empresa, atrair clientes e parceiros, e manter a confiança do público.
A comunicação interna, por sua vez, é voltada para os funcionários e visa manter todos os membros da equipe informados sobre as metas, valores, objetivos e acontecimentos da empresa. Ela desempenha um papel fundamental na construção de um ambiente de trabalho saudável, na promoção da coesão e na garantia de que todos estejam alinhados com a cultura da organização.
Veja mais: entenda a importância da comunicação 360º para as marcas
Como promover a comunicação corporativa?
Ao implementar estratégias de comunicação corporativa, a empresa precisa ter em mente seus valores, missões e objetivos, para pensar em ações que conversem com o negócio em geral. A partir disso, é importante estabelecer metas e escolher as ferramentas mais interessantes para alcançá-las.
No cenário atual, as empresas precisam entender que não faz mais sentido olhar para as caixinhas da comunicação sem considerar um cenário macro. Aparece, então, a necessidade de uma comunicação 360°. Ela consiste em trabalhar todas as frentes para impactar diferentes públicos de forma integrada. Isso inclui produção de conteúdo, comunicação interna, presença nas redes sociais, relacionamento com a imprensa e construção de reputação por meio da opinião pública.
Para melhorar a eficiência, a produtividade e os resultados, os profissionais da comunicação precisam saber aproveitar a tecnologia como ferramentas complementares. E, com a ajuda dela, estar sempre monitorando, refinando e trazendo melhorias para as estratégias de comunicação da empresa. A inteligência artificial pode contribuir bastante nesse sentido – vamos te explicar.
Os impactos da inteligência artificial na comunicação corporativa
A inteligência artificial é uma das principais novidades tecnológicas apresentadas ao público nos últimos anos. Hoje, ela já faz parte do cotidiano humano, seja para a automatização de sistemas, pesquisas do cotidiano, segurança digital, definição de perfil em plataformas de streaming, reconhecimento facial, aplicativos de rotas de trânsito, plataformas de educação ou para fins de entretenimento, criando, por exemplo, fotografias fictícias a partir do rosto das pessoas, mostrando como elas ficariam quando envelhecessem ou se fizessem parte de um desenho animado, como exemplos de tendências que circularam nas redes sociais recentemente.
Um dos principais atrativos da IA (inteligência artificial) é a sua acessibilidade
Apenas com um computador ou smartphone, qualquer pessoa pode, gratuitamente, explorar as ferramentas disponíveis. No entanto, quem trabalha com a comunicação precisa ter um olhar mais apurado, identificando o lado negativo e positivo da tecnologia.
Para a comunicação corporativa, em específico, a inteligência artificial traz algumas vantagens:
- automatização de tarefas repetitivas, como triagem de e-mails, atendimento ao cliente por chatbot, transcrição de áudio e tradução automática;
- processamento e análise grandes volumes de dados;
- personalização da comunicação.
Sobre o atendimento personalizado para cada cliente, Afonso Ribeiro, especialista em Comunicação Corporativa, afirma: “As equipes de comunicação estão sendo capazes de segmentar públicos com maior precisão, analisar melhor o sentimento dos usuários em relação a produtos, serviços ou campanhas e atuar cada vez mais com base em dados.”
Considerando as consequências negativas, Ribeiro alerta sobre a violação da privacidade dos usuários, as deepfakes – técnica que altera os movimentos labiais de uma pessoa em um vídeo, sincronizando-os com falas que não são de sua autoria – e a possibilidade de a ferramenta gerar opressão. “Como os sistemas são treinados com base em dados históricos, o conteúdo pode reforçar a discriminação de grupos marginalizados, perpetuando desigualdades”, explica.
Além disso, pela evolução rápida e surpreendente da IA, especialistas expressam a preocupação de que ela se torne superinteligente e ultrapasse a capacidade humana de controlá-la. Nesse cenário, ela poderia ter objetivos divergentes da sociedade, resultando em consequências indesejáveis ou, até mesmo, catastróficas.
A inteligência artificial é uma ameaça aos profissionais da comunicação?
Também existe uma preocupação sobre o impacto social e econômico dessa automação. Muitos perguntam se, eventualmente, ela levaria à substituição de empregos por sistemas automatizados. Na comunicação, isso não deve acontecer, já que, embora facilite alguns processos, ela não possui as competências humanas indispensáveis para a área.
“A criatividade, o pensamento estratégico e a capacidade de contar histórias continuam sendo habilidades essencialmente humanas. A IA ainda tem limitações em relação à compreensão profunda de emoções e nuances sociais, o que os profissionais de comunicação podem oferecer por meio de sua experiência e conhecimento humano.”
Veja mais: Google Analytics 4: entenda o que mudou e seus impactos na comunicação
Como o profissional da comunicação pode usar a inteligência artificial a seu favor?
Em vez de substituir as equipes de comunicação, a inteligência artificial pode ser usada como uma ferramenta de otimização do seu trabalho. “A tecnologia poupa o profissional de realizar tarefas repetitivas, como traduções, agendamento de posts em mídias sociais, monitoramento de menções de marca e organização de dados de engajamento. Isso libera tempo e recursos para que eles se concentrem em atividades estratégicas e criativas”, afirma Afonso Ribeiro.
Nesse contexto, é essencial lembrar que a IA deve ser usada de maneira ética e responsável. Os profissionais precisam enxergar a ferramenta como algo que complementa e amplia a sua eficiência, priorizando sempre a transparência, privacidade e segurança dos dados.
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